Home » Sociedade » Notícia* » Maternidade após tratamentos oncológicos — quais as opções disponíveis?

Maternidade após tratamentos oncológicos — quais as opções disponíveis?

Tempo de leitura estimado: 4 minutos

A Dra. Catarina Marques, ginecologista e especialista em medicina da reprodução na Clínica IVI Lisboa, explica como a ciência permite preservar o sonho da maternidade após o cancro.

Outubro é o mês dedicado à prevenção e sensibilização para o cancro da mama, no âmbito da iniciativa Outubro Rosa. Sendo o tipo de cancro mais frequente entre as mulheres e uma das principais causas de mortalidade oncológica a nível mundial, o diagnóstico traz consigo não apenas desafios físicos e emocionais, mas também incertezas quanto ao futuro reprodutivo.

Para muitas mulheres em idade fértil, a notícia da doença levanta uma questão crucial: será ainda possível ser mãe depois do cancro?


Tratamentos oncológicos e impacto na fertilidade

A Dra. Catarina Marques, ginecologista e especialista em medicina da reprodução na Clínica IVI Lisboa, explica que tratamentos como a quimioterapia e a radioterapia podem ter impacto direto na reserva ovárica e acelerar a perda natural de fertilidade.

“Para além da carga emocional associada, é fundamental que as mulheres em idade fértil recebam informação clara e atempada sobre as opções que a medicina da reprodução oferece. Isso permite-lhes tomar decisões conscientes sobre o seu futuro reprodutivo”, afirma.

A especialista sublinha que a maternidade continua a ser um projeto possível após o cancro, graças aos avanços científicos das últimas décadas.

“A ciência evoluiu muito e hoje conseguimos oferecer soluções concretas que permitem às mulheres preservar o seu potencial reprodutivo.”


Informação e tempo são fatores decisivos

“É natural que, no momento do diagnóstico, a prioridade seja a sobrevivência. Mas é igualmente importante informar a doente sobre todas as opções disponíveis, para que não feche a porta à maternidade”, salienta a médica.

Em muitos casos, é possível engravidar naturalmente após o tratamento oncológico. Quando isso não acontece, a medicina da reprodução oferece alternativas eficazes.

“O essencial é que a mulher saiba que existem caminhos possíveis. O acompanhamento especializado pode abrir uma janela real de esperança para o futuro”, reforça.


Opções de preservação e recuperação da fertilidade

Entre as principais soluções disponíveis encontram-se:

  • Criopreservação de ovócitos: recolha e congelamento dos óvulos antes do início do tratamento oncológico, permitindo à mulher tentar engravidar mais tarde com os seus próprios ovócitos.

    “Os dados mostram que não existem diferenças nas taxas de sobrevivência entre as doentes que congelaram ovócitos e as que não o fizeram”, explica a médica.

  • Fertilização in vitro (FIV) com ovócitos próprios: após a recuperação da doença, os óvulos previamente congelados podem ser utilizados para realizar a FIV e tentar a gravidez.

  • FIV com ovócitos de dadora: quando os ovócitos próprios não são viáveis, a doação de óvulos representa uma alternativa segura e eficaz.

  • Embriões previamente preservados: em alguns casos, embriões criados e congelados antes do tratamento podem ser utilizados posteriormente, mantendo a possibilidade de gestação com segurança.


Esperança e ciência de mãos dadas

Cada caso deve ser avaliado individualmente e em articulação entre a equipa de oncologia e de reprodução assistida.

“A investigação científica continua a abrir novas possibilidades, reforçando a mensagem de que a medicina reprodutiva está em constante evolução e que o futuro traz cada vez mais esperança para as mulheres que sonham com a maternidade após o cancro”, conclui a Dra. Catarina Marques.

Partilhar em:

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado.Os campos obrigatórios estão marcados *

*

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.