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Mais de 7.400 reclamações contra Câmaras Municipais em quatro anos

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Lisboa, Almada, Loures, Vila Nova de Gaia e Seixal lideram o ranking das autarquias mais visadas. Segurança, qualidade dos serviços e higiene são as áreas mais críticas.

Nos últimos quatro anos, as Câmaras Municipais portuguesas foram alvo de 7.475 reclamações apresentadas por cidadãos. Na verdade, há mais de 7.400 reclamações contra Câmaras Municipais em quatro anos. Este dado revela um estudo do Portal da Queixa. As principais preocupações dos munícipes centram-se em três áreas críticas: falta de segurança, má qualidade dos serviços municipais e deficiente higiene e manutenção dos espaços públicos.

A poucos dias das Eleições Autárquicas de 2025, o relatório fornece um retrato detalhado da relação entre os cidadãos e o poder local. Ele evidencia um desfasamento crescente entre as expectativas dos munícipes e a resposta das autarquias.

Segurança no topo das preocupações

Entre outubro de 2021 e 30 de setembro de 2025, 47,46% das reclamações dizem respeito a problemas de segurança. Estas incluem desde incumprimento das regras de trânsito, sinalização deficiente e estacionamento abusivo, até falhas estruturais em infraestruturas públicas e situações de risco ambiental.

Em segundo lugar surgem as queixas relacionadas com a má qualidade dos serviços municipais (27,48%). Estas queixas referem falhas no atendimento, demoras na resolução de problemas e falta de transparência administrativa.
Segue-se a higiene urbana e a manutenção dos espaços públicos (12,34%). As queixas envolvem a limpeza das ruas e a qualidade da água fornecida.

Outros motivos menos frequentes incluem questões administrativas e financeiras (3,34%), problemas de infraestrutura (2%) e falta de acessibilidade e inclusão (1,59%).

Lisboa lidera queixas; Sesimbra destaca-se pela satisfação

As autarquias com maior número de reclamações são Lisboa (22,54%), Almada (8,96%), Loures (4,46%), Vila Nova de Gaia (3,68%) e Seixal (3,18%). Elas são seguidas de Cascais (3,16%), Sintra (2,98%), Porto (2,54%), Matosinhos (2,20%) e Sesimbra (2,06%).

Apesar do elevado volume de queixas, o estudo também aponta para exemplos positivos:
a Câmara Municipal de Sesimbra lidera o índice de satisfação, com 85 pontos em 100. Ela é seguida por Nazaré (83,4), Alcochete (82,5), Tavira (81,9) e Matosinhos (80,6).

Perfil do cidadão reclamante

A análise do perfil dos utilizadores que apresentaram reclamações revela uma maioria masculina (56,78%). Há destaque para a faixa etária entre os 45 e os 54 anos (28,61%).
Regionalmente, a área metropolitana de Lisboa concentra 40,12% das queixas, seguida por Setúbal (18,40%) e Porto (17,11%).

“Há falhas estruturais que afetam a qualidade de vida”

Para Pedro Lourenço, fundador do Portal da Queixa,

“Estes dados refletem um desfasamento entre as expectativas dos cidadãos e a capacidade de resposta de muitas autarquias do país. A elevada percentagem de queixas relacionadas com a segurança indica que há falhas estruturais que impactam diretamente a qualidade de vida nas cidades. Por outro lado, os exemplos de municípios com bons índices de satisfação provam que é possível criar modelos de gestão mais próximos, eficientes e transparentes.”

O estudo, publicado esta semana, serve também de termómetro da confiança local em vésperas eleitorais, sublinhando que a perceção dos cidadãos é cada vez mais exigente e menos tolerante a falhas de gestão pública.

Mais informações sobre a categoria “Câmaras Municipais” podem ser consultadas em www.portaldaqueixa.com.

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