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Festival de Guitarra de Santo Tirso com recital de homenagem a Carlos Paredes

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Concerto do australiano Ken Murray celebra, no dia 18, centenário do nascimento de um dos músicos portugueses mais influentes do século XX. Evento de cinco dias – e oito concertos – arranca na noite de 15 com “Trovoada”, de O Gajo

Uma experiência envolvente, onde a música e a imagem se unirão para celebrar a criatividade, a inovação e o espírito intemporal de Carlos Paredes, no ano em que o famoso guitarrista luso – que deu novos mundos e palcos globais à guitarra portuguesa – faria 100 anos de idade. Assim será o recital com que o virtuoso australiano Ken Murray evocará um dos nomes maiores da sonoridade artística lusa do século passado, durante a 28.ª edição do Festival Internacional de Guitarra de Santo Tirso (FIGST), de 15 a 19 de outubro, e logo com um aliciante extra de um filme de Joaquim Pavão (realizador, compositor e guitarrista), que acrescentará uma dimensão visual ímpar à homenagem.

O concerto acontecerá no dia 18 (sábado), às 21h30, na Fábrica de Santo Thyrso, num momento que revisitará o legado do mestre Paredes e a sua marca, oferecendo ao público uma “experiência única e imersiva”, como sublinha o diretor artístico do FIGST, Óscar Flecha.

Ken Murray, cujas composições foram interpretadas por guitarristas como Slava Grigoryan, Alex Tsiboulski, Vladimir Gorbach, Tengyue Zhang e Miles Johnston – num percurso que o tem notabilizado na interpretação de música espanhola do início do século XX, mas igualmente de géneros musicais brasileiros e sul-americanos –, incluirá também no espetáculo de Santo Tirso obras como “Hiraeth”, de Stephen Goss, e composições da sua autoria, que dialogam com a tradição da guitarra portuguesa e exploram novos patamares sónicos. De resto, unindo-se precisamente ao lema que norteia o FIGST, “Confluências – O Som dos Encontros”.

O concerto de arranque da 28.ª edição do Festival, no dia 15 (quarta-feira), às 21h30, alinhará pelo mesmo diapasão. Porque os trabalhos de João Morais, aqueles que conhecemos ultimamente sob a capa de O Gajo, também fundem atmosferas musicais que experimentam novas fórmulas com ritmos contemporâneos de inspiração tradicional.

Ao FIGST, O Gajo trará “Trovoada”, produzido por Luís Varatojo, álbum (o quinto) lançado em março último, onde reafirma o seu espírito aventureiro e utiliza pela primeira vez a voz como instrumento. À sua inseparável viola campaniça juntar-se-ão, pois, em terras tirsenses, a sanfona, o cavaquinho, a gaita de foles, o adufe e uma secção rítmica, que intensifica uma forte dose de Groove neste último trabalho. Ou não nascesse “Trovoada” da turbulência de um mundo em constante conflito, pelas mãos de um músico inquieto.

Um programa eclético

Mas, os concertos de O Gajo e Ken Murray são apenas dois dos oito concertos em agenda, com mais intérpretes de primeira água, que permitirão ao público levitar ainda até Cuba (graças à atuação Joaquín Clerch), Itália (Duosfera), Espanha (Marcos Diaz), França e Coreia do Sul (Antoine Boyer & Yeore Kim) e, claro, Portugal, pelas cordas de Tiago Matias e Pedro Rodrigues.

Das sonoridades mais clássicas às abordagens fora da caixa, do fado à música contemporânea, do jazz cigano às criações para viola harmónica, o Festival Internacional de Guitarra de Santo Tirso faz ressoar a guitarra em múltiplas dimensões. Como se perceberá pelos concertos em carteira…

Tiago Matías – dia 16, 15h00, Fábrica de Santo Thyrso

Intitulado de “Codex 97”, o programa do concerto de Tiago Matias no FIGST apresentará um repertório que combina cifras de viola e fantasias, explorando o contexto da música europeia dos séculos XVII e XVIII. A abordagem permitirá uma experiência musical rica, envolvente e inovadora. As obras serão interpretadas com tiorba e guitarra barroca, instrumentos que permitem revelar as nuances e a riqueza sonora da música antiga, proporcionando ao público uma verdadeira viagem ao universo musical dos períodos barroco e renascentista. Inclui peças de compositores históricos como Kapsberger e Santiago de Murcia, intercaladas com obras de criadores contemporâneos, como Sérgio Azevedo.

Duosfera – dia 16, 21h30, Fábrica de Santo Thyrso

Daniele Fabio, descrito como “uma das vozes contemporâneas mais cativantes da guitarra”, é um músico amplamente reconhecido. O projeto “Duosfera” oferece uma experiência musical rica e envolvente, entrelaçando diferentes paisagens sonoras, ritmos e emoções, e transportando o público por variados mundos musicais. O repertório inclui reinterpretações de peças clássicas de Piazzolla, Albéniz, Tárrega, Chaplin, De Falla, Bach e Bartók, bem como peças tradicionais italianas e composições originais de Daniele Fabio. Fusão que abrange ecos do Renascimento, ritmos africanos, polifonia modal, jazz, sonoridades mediterrânicas e atmosferas nórdicas.

Marcos Díaz – dia 17, 15h00, Fábrica de Santo Thyrso

Apresentará um programa intitulado “Cantos e Danzas”, com algumas das obras mais emblemáticas do repertório da guitarra. O concerto contará com peças de renomados compositores, como Agustín Barrios, Francisco Tárrega e Joaquín Rodrigo, oferecendo ao público uma viagem musical que explora desde a delicadeza intimista até a riqueza rítmica e a expressividade característica da guitarra clássica.

Pedro Rodrigues – dia 17, 18h00, Fábrica de Santo Thyrso

Neste recital-conferência, o músico propõe explorar a evolução do movimento da guitarra clássica em Portugal. Abordará como as influências francesas e espanholas moldaram a prática guitarrística na primeira metade do século XX. E de que forma a orientação de Emilio Pujol contribuiu para o surgimento de um neorromantismo nacional. O programa inclui obras de compositores representativos desse período, como António dos Santos Fonseca, António Simões Barbas e José Duarte Costa, entre outros. Através da combinação de performance e contextualização histórica, o recital-conferência permitirá ao público compreender as transformações estilísticas e técnicas da guitarra clássica em Portugal, oferecendo uma experiência musical rica, educativa e envolvente.

Joaquim Clerch – dia 17, 21h30, Fábrica de Santo Thyrso

“De Bach a Piazzolla” percorre séculos de música para guitarra, desde o barroco até ao tango contemporâneo. Entre as obras a interpretar destaca-se a famosa Chacona da Partita II, de Johann Sebastian Bach, considerada uma das peças mais exigentes e emblemáticas do repertório para guitarra. Clerch interpretará ainda obras tradicionais de Cuba, oferecendo ao público uma viagem musical que combina virtuosismo, diversidade estilística e emoção. Este concerto promete ser uma experiência única, demonstrando a capacidade da guitarra de transitar entre diferentes épocas, culturas e géneros musicais, sempre com um profundo rigor técnico e expressivo.

Antoine Boyer |Yeore Kim – dia 19, 18h00, Fábrica de Santo Thyrso

O programa da dupla franco-coreana apresentará uma série de estilos que vão do gypsy jazz às composições originais de Antoine. Um encontro musical onde brilharão a improvisação, a expressividade e a capacidade de diálogo entre os intérpretes, com desempenhos vibrantes e envolventes que percorrem diferentes universos sonoros, do jazz às influências clássicas e contemporâneas.

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