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Afonso Santos quando o talento nasce no virtual e se confirma nas estradas reais

Tempo de leitura estimado: 4 minutos

Com apenas 18 anos, Afonso Santos, natural da Póvoa de Varzim, afirma-se como um dos nomes mais promissores do automobilismo português. O seu percurso foge ao modelo tradicional. Não passou pelos karts nem por academias clássicas. Pelo contrário, construiu a base competitiva no simulador, um território durante muito tempo subestimado, mas que hoje começa a revelar pilotos preparados e tecnicamente evoluídos.

A época de 2025, repartida entre Montanha e Ralis, confirmou que o talento inicialmente visto como precoce é, afinal, sólido, consistente e preparado para desafios de maior exigência.

Uma paixão que começou antes da competição

O contacto de Afonso com os automóveis surgiu muito cedo, influenciado pelo ambiente familiar e pelo papel determinante do pai. Desde os três ou quatro anos, o simulador tornou-se o seu espaço natural de aprendizagem. Não era apenas entretenimento. Era um ambiente onde treinava leitura de pista, progressividade, controlo e antecipação.

Esse percurso virtual moldou uma base técnica invulgar. Ao longo dos anos, o simulador funcionou como escola contínua, permitindo errar, corrigir e evoluir sem pressão externa.

A transição para a competição real

A estreia num carro de competição real aconteceu aos 16 anos. O impacto esperado nunca se verificou. A adaptação foi imediata, intuitiva e segura. Em 2024, surgiu a oportunidade de competir no Campeonato de Portugal de Montanha, ao volante de um BRC B49.

Na época de estreia, Afonso revelou consistência e capacidade de evolução, terminando como vice-campeão da Divisão Protótipos B, um resultado expressivo para um estreante absoluto.

2025 dois campeonatos dois desafios

A temporada de 2025 trouxe maior exigência. Dividir a época entre Montanha e Ralis implicou esforço físico, mental e logístico. No Campeonato de Portugal de Montanha JC Group, venceu duas provas, subiu ao pódio em seis das oito corridas e terminou novamente vice-campeão, a apenas 1,5 pontos do título.

Além disso, alcançou:

  • 3.º lugar absoluto

  • 1.º lugar na Taça de Portugal de Montanha Protótipos B

  • Vitória à geral no Caramulo Motorfestival, tornando-se o piloto mais jovem de sempre a vencer a prova

Problemas mecânicos, incluindo uma desistência por avaria de motor, condicionaram a luta pelo título. Ainda assim, o balanço foi competitivo e consistente.

O desafio dos ralis e o FPAK Junior Team

Em paralelo, Afonso integrou o FPAK Junior Team de Ralis, sendo selecionado entre cerca de 600 candidatos. Foi o mais jovem do grupo, o único menor de idade e o único sem carta de condução no início do projeto.

Ao volante de um Peugeot 208 Racing, participou em cinco ralis. Terminou quatro no pódio, desistindo apenas no Rali de Chaves após um acidente. A época terminou com o 3.º lugar no FPAK Junior Team, com a decisão adiada até à última prova.

2026 ambição sustentada

Já com carta de condução, Afonso Santos prepara 2026 com ambição controlada. O objetivo passa por competir a tempo inteiro nos ralis, apostando no Campeonato de Portugal de Ralis 2RM, Copa Peugeot Portugal e Copa Peugeot Ibérica, com um Peugeot 208 Rally4.

A estratégia é clara. Crescer de forma sustentada, reunir apoios sólidos e garantir retorno real aos patrocinadores, tanto em visibilidade como em impacto mediático, levando o nome da Póvoa de Varzim além-fronteiras.

Aos 18 anos, Afonso Santos demonstra que o talento não segue um único caminho. Do simulador às rampas, das rampas aos ralis, construiu um percurso consciente, técnico e amadurecido. O presente confirma o potencial. O futuro, a manter este ritmo, promete consistência e evolução.

Publicado pelo iPressJournal.pt.

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