Home » Atualidade » Vender e arrendar casas? Mercado imobiliário perde confiança no final de 2025

Vender e arrendar casas? Mercado imobiliário perde confiança no final de 2025

Tempo de leitura estimado: 4 minutos

O mercado da habitação em Portugal entra na reta final de 2025 com sinais claros de arrefecimento. Apesar de os preços das casas continuarem a subir, o ritmo de crescimento está a gerar preocupação entre os profissionais do setor, que revelam menor confiança tanto nas vendas como no arrendamento.

De acordo com o Índice de Sensibilidade do Setor Imobiliário (ISSI) do idealista, que avalia a perceção dos agentes imobiliários através de inquéritos trimestrais, a confiança na venda e no arrendamento de casas caiu em relação ao início do ano. O indicador para a venda de habitação fixou-se nos 72,4 pontos (numa escala de 0 a 100), abaixo dos 74,7 pontos registados no primeiro trimestre. Já o segmento do arrendamento caiu de 57,3 para 55,5 pontos, evidenciando um sentimento de estabilidade, mas com tendência negativa.


Venda de casas: expectativas ainda positivas, mas em queda

A maioria dos profissionais do setor continua a acreditar que vai vender mais casas até ao final do ano — 65,5% dos inquiridos mantêm perspetivas positivas —, mas este valor representa uma quebra face aos 71,1% registados no início de 2025.

Também diminuíram as expectativas de angariação de novos imóveis: apenas 63,2% dos agentes acreditam que vão captar mais casas para venda, contra 67,5% no arranque do ano.

Quanto à evolução dos preços, 45,6% dos inquiridos esperam que se mantenham estáveis, embora 40,9% ainda antevejam novas subidas. Apenas 7% acreditam numa descida do valor médio das habitações.

Entre os fatores que explicam esta retração estão a perda de poder de compra das famílias, a estabilização das taxas de juro em torno dos 2%, e o abrandamento do crescimento económico nacional, que limita a capacidade de endividamento e a confiança dos consumidores.


Arrendamento: estabilidade domina as previsões

O mercado de arrendamento mantém-se em terreno neutro, com a maioria dos profissionais a antecipar estabilidade no número de contratos e nas rendas. Cerca de 33,9% acreditam que o volume de arrendamentos permanecerá inalterado, e 34,5% esperam ritmo semelhante nas angariações.

Ainda assim, caiu a proporção de quem prevê crescimento: apenas 22,8% acreditam que irão arrendar mais casas até ao final de 2025, contra 32,9% no início do ano.
No que toca às rendas, 47,4% dos inquiridos consideram que os preços vão manter-se, enquanto 29,8% preveem subidas e 9,4% esperam descidas.

Uma tendência relevante é o aumento da incerteza: mais de 20% dos agentes preferem não se pronunciar sobre a evolução do mercado de arrendamento, sinalizando falta de visibilidade e previsibilidade para os próximos meses.


Contexto macroeconómico explica prudência

O cenário económico português em 2025 conjuga inflação controlada, juros estáveis e abrandamento do crescimento, num contexto de poder de compra reduzido.
Apesar de as políticas públicas de apoio à habitação — como a isenção de IMT para jovens e as garantias públicas de crédito — se manterem, o impacto real sobre a procura tem sido limitado.

A valorização das casas continua elevada, mas o volume de transações tende a estabilizar, e o mercado caminha para um ciclo de maturidade em que os preços crescem de forma mais lenta e os agentes atuam com maior prudência.


Conclusão

O setor imobiliário português encerra 2025 com confiança em retração e expectativas mais moderadas. As vendas continuam a dominar face ao arrendamento, mas ambos os mercados evidenciam sinais de saturação.

Num ambiente de crescimento económico mais lento e de custos de habitação persistentemente altos, a estabilidade — e não a expansão — parece ser a palavra-chave para o início de 2026.

Partilhar em:

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado.Os campos obrigatórios estão marcados *

*

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.