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A Católica Porto Business School apresenta os primeiros resultados do Inquérito de Liderança Ética, um novo instrumento que analisa a forma como a ética é vivida nas organizações. O estudo surge no contexto dos dez anos do Fórum de Ética e assinala uma década dedicada à reflexão sobre liderança ética e responsabilidade organizacional.
O inquérito avaliou quatro dimensões essenciais: demonstração de que a ética é uma prioridade, comunicação de expectativas éticas, tomada de decisões éticas e apoio ao programa de ética organizacional. Os resultados mostram que, apesar da preocupação generalizada com a ética, ainda existe um percurso a fazer para transformar valores em comportamentos consistentes e visíveis.
Helena Gonçalves, coordenadora do Fórum de Ética, sublinha que o objectivo do estudo passa por mobilizar e não apenas medir. A responsável destaca que a ferramenta procura gerar consciência, diálogo e transformação, incentivando líderes e equipas a reflectirem sobre o impacto das suas decisões.
Líderes e liderados convergem na perceção de que existe maior esforço na comunicação de expectativas éticas e menor frequência no apoio a programas formais de ética. Os líderes reportam comportamentos éticos com frequência moderada, enquanto os liderados percecionam práticas mais intermitentes. A diferença entre discurso e prática continua a ser uma preocupação partilhada, sobretudo quando se avaliam exemplos do quotidiano.
Na dimensão “ética como prioridade”, ambos reconhecem que os líderes assumem comportamentos que demonstram essa intenção. Contudo, criar oportunidades regulares para discutir preocupações éticas e integrar expectativas específicas nos planos de desempenho continua a ser menos frequente.
Na comunicação de expectativas, existe alinhamento na percepção de que os líderes servem de modelo e clarificam objectivos éticos. O comportamento menos frequente é o de abordar desafios específicos da equipa quando se discutem práticas éticas.
Na tomada de decisões éticas, os líderes afirmam que evitam favorecer injustamente pessoas ou grupos e ponderam o impacto nas equipas. Contudo, recorrer ao Código de Ética ou nomear responsáveis pela consideração ética continua a ser ocasional.
No apoio ao programa de ética, líderes e liderados concordam que o estímulo à comunicação de irregularidades é irregular. A garantia de financiamento e recursos adequados para actividades de ética também é vista como ocasional.
O estudo, que recolheu dados entre Setembro e Outubro, envolveu 323 participantes com experiência profissional, de diferentes sectores e níveis hierárquicos. Cerca de 80 por cento desempenha ou desempenhou funções de liderança, com maior representação do sector privado.
O Fórum de Ética continuará a aprofundar estes resultados, reforçando o compromisso com uma ética viva, praticada e discutida colectivamente. A análise do papel da liderança permanece central para compreender como os exemplos diários moldam culturas organizacionais mais responsáveis.

