Home » Atualidade » Internacional » Estudo identifica alterações no endométrio associadas à infertilidade e complicações da gravidez em mulheres com endometriose

Estudo identifica alterações no endométrio associadas à infertilidade e complicações da gravidez em mulheres com endometriose

Tempo de leitura estimado: 3 minutos

Um grupo de investigadores espanhóis descobriu alterações em proteínas do endométrio de mulheres com endometriose. Isso pode ajudar a explicar as dificuldades de conceção e o maior risco de complicações durante a gravidez. O estudo foi apresentado no 81.º Congresso da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM), realizado em San Antonio, Texas. Ele abre novas perspetivas para o diagnóstico precoce e o tratamento personalizado desta condição.

35 proteínas essenciais para uma gravidez saudável

A investigação foi desenvolvida pelo Instituto de Investigação em Saúde do Hospital La Fé (IIS La Fe), em Valência. Eles analisaram mais de seis mil proteínas do tecido endometrial de mulheres com endometriose. Os resultados revelaram 363 proteínas com alterações significativas. Destas, 35 estão diretamente ligadas a funções essenciais para a implantação embrionária e o desenvolvimento da gravidez. Elas estão ligadas a fatores como o metabolismo da glicose, a produção de energia, a tolerância imunitária e a estrutura celular.

Estas descobertas são consideradas um avanço importante. A endometriose — que afeta cerca de 10% das mulheres em idade fértil — está associada não só à dor pélvica e infertilidade. Ela também está ligada a um aumento do risco de pré-eclâmpsia e aborto espontâneo.

Modelos laboratoriais simulam o útero durante a gravidez

Devido a restrições éticas que impedem a recolha de tecido uterino de mulheres grávidas, os cientistas criaram modelos tridimensionais de endométrio em laboratório, expostos a hormonas da gravidez. Este método permitiu simular o ambiente uterino nas fases iniciais da gestação. Eles puderam comparar as respostas entre mulheres com endometriose e mulheres férteis saudáveis.

“Graças a estes modelos, observámos que o endométrio de mulheres com endometriose reage de forma diferente, apresentando alterações em proteínas-chave para uma gravidez saudável”, explica a Dra. Hortensia Ferrero, coordenadora do estudo e investigadora da Fundação IVI.

Diagnóstico precoce e tratamentos personalizados

Para o Dr. Samuel Ribeiro, diretor clínico do IVI Lisboa, compreender estas diferenças “pode ser determinante para melhorar os cuidados de saúde reprodutiva”. O médico acrescenta que “estas descobertas representam um passo importante no desenvolvimento de terapias personalizadas e na criação de estratégias de diagnóstico precoce que promovam gravidezes mais seguras em mulheres com endometriose”.

Com este estudo, a comunidade científica reforça a importância da investigação em medicina reprodutiva e da biologia molecular do endométrio. Elas são essenciais para compreender e tratar de forma eficaz uma das doenças ginecológicas mais complexas e impactantes da atualidade.

Partilhar em:

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado.Os campos obrigatórios estão marcados *

*

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.