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À medida que o setor da gastronomia se prepara para o novo ano, as Edições do Gosto apresentam as 10 Tendências da Restauração 2026, antecipando os caminhos que irão moldar o futuro da cozinha portuguesa. Desde 2021, a equipa liderada por Paulo Amado — referência nacional na área da comunicação, formação e promoção gastronómica — identifica e partilha anualmente as principais direções que inspiram chefs, produtores e empresários da restauração.
O projeto resulta de um trabalho de observação e diálogo contínuo com a comunidade gastronómica nacional, envolvendo este ano 100 profissionais de diferentes áreas: cozinheiros, pasteleiros, padeiros, sommeliers, bartenders, jornalistas, investigadores, formadores e empreendedores do setor. A iniciativa pretende refletir sobre as dinâmicas emergentes, estimular a discussão e promover a sustentabilidade do ecossistema gastronómico português.
“Depois de ouvirmos um painel de 100 figuras do setor, pareceu-nos essencial sintetizar ideias e perceções. Não se trata de verdades absolutas — nunca o são —, mas de reflexões construídas por quem vive a gastronomia por dentro”, afirma Paulo Amado, fundador das Edições do Gosto.
As 10 Tendências da Restauração 2026
1. Diretamente da Quinta
A ligação entre restaurantes e produtores torna-se cada vez mais direta. As quintas que praticam agricultura regenerativa ganham protagonismo, assegurando produtos de máxima frescura e reduzindo a pegada ambiental. Os chefs encurtam o percurso do campo ao prato, reforçando o valor da sazonalidade e a sustentabilidade do sistema alimentar.
2. O “novo” mundo dos vegetais
Os vegetais deixam de ser coadjuvantes e assumem o centro do prato. Agricultores e chefs exploram a biodiversidade local e valorizam variedades autóctones, aplicando técnicas que destacam sabor, textura e criatividade.
3. Social Dining
A refeição transforma-se num evento social. Supper clubs, pop-ups e jantares temáticos estimulam o convívio e a partilha, oferecendo experiências gastronómicas imersivas e colaborativas.
4. Voltamos já
Depois de um período de expansão acelerada, o setor prepara-se para abrandamentos estratégicos. Muitos restaurantes irão fechar temporariamente para repensar modelos de negócio, otimizar operações e adaptar-se a um consumidor mais racional e exigente.
5. O pescado esquecido
Espécies menos valorizadas, mas abundantes nas águas portuguesas, regressam aos menus. Os chefs redescobrem o seu potencial e promovem uma pesca sustentável e local, diversificando a oferta e reduzindo a pressão sobre os peixes mais populares.
6. Cocktails + pratos
Os cocktails de autor deixam o bar e invadem a mesa, combinando-se com pequenos pratos pensados ao detalhe. A experiência torna-se mais dinâmica e informal, atraindo um público que valoriza experimentação e interação.
7. Ovos com berço
A rastreabilidade e o bem-estar animal tornam-se critérios essenciais. Os consumidores querem saber quem produz, como e onde, valorizando raças autóctones portuguesas como a Amarela, Branca, Pedrês Portuguesa e Preta Lusitânica.
8. A sandes contra-ataca
A simplicidade regressa com força. As sandes artesanais afirmam-se como opção gastronómica criativa e de qualidade, reinventando o conceito de refeição rápida. São acessíveis, saborosas e terreno fértil para novas marcas e conceitos.
9. A experiência imersiva
Restaurantes tornam-se espaços de entretenimento sensorial, onde luz, som, imagem e narrativa se fundem com o prato. A tecnologia assume um papel criativo, transformando a refeição num espetáculo para todos os sentidos.
10. Chefes guardiões do oceano
Os chefs assumem uma nova missão: proteger o mar. Com menus conscientes e técnicas sustentáveis, promovem o consumo responsável e a valorização dos recursos marinhos, equilibrando sabor e preservação.
Sobre as Edições do Gosto
Desde 1989, as Edições do Gosto dedicam-se à valorização da gastronomia e da restauração portuguesas. Com mais de três décadas de trabalho, são uma referência na produção de eventos, publicações e comunicação especializada nas áreas da gastronomia, alimentação e bebidas.
O seu contributo tem sido determinante na formação e dignificação de profissionais — de estudantes a mestres — e na promoção de uma gastronomia sustentável, com identidade e humanismo.
Mais informações em www.egosto.pt.