Home » Atualidade » Internacional » Associações alertam para os desafios dos doentes com tumores cerebrais

Associações alertam para os desafios dos doentes com tumores cerebrais

Tempo de leitura estimado: 3 minutos

Entre 25 de outubro e 1 de novembro, assinala-se a Semana Internacional do Tumor Cerebral, uma iniciativa global que pretende chamar a atenção para os desafios enfrentados por doentes e famílias afetados por este tipo de cancro raro e altamente incapacitante.


Falta de informação e diagnóstico tardio continuam a marcar a realidade

A falta de informação, o acesso desigual ao diagnóstico e a escassez de apoio emocional e reabilitação são algumas das principais dificuldades relatadas por doentes e cuidadores.

“A principal dificuldade é a falta de informação e de acesso fácil aos passos a seguir, sobretudo quando se fala de um cancro no cérebro — o órgão mais nobre e o que mais medo e incerteza causa”, explica Renato Daniel, fundador da Associação Portuguesa de Cancro no Cérebro (APCCEREBRO).

Paulo Gonçalves, presidente da RD-Portugal — União das Associações das Doenças Raras de Portugal, destaca a desigualdade territorial no acesso ao diagnóstico e tratamento:

“O tempo até ao diagnóstico é, por vezes, bastante longo e desigual. Quem vive mais perto do litoral tem acesso mais rápido aos IPO e centros de referência. É tempo de cérebro!”, alerta.


Necessidade de percursos integrados e de maior apoio psicológico

As associações sublinham a urgência de criar um Percurso de Cuidados Integrados para as doenças raras, incluindo os tumores cerebrais — uma promessa ainda por concretizar.
A ausência de acompanhamento emocional e psicológico é também apontada como uma das maiores falhas do sistema de saúde.

“Há muitas dificuldades de reintegração familiar, laboral e emocional. O apoio à saúde mental e à reabilitação pós-cirúrgica continua a ser insuficiente”, acrescenta Renato Daniel.


Inovação científica e esperança

Apesar da qualidade da investigação científica nacional, as associações defendem que Portugal continua “muito atrás em termos de inovação aplicada”, faltando mecanismos que transformem o conhecimento científico em tratamentos e ensaios clínicos acessíveis.

“Temos boa produção científica, mas dificuldade em colocá-la ao serviço da sociedade”, lamenta o fundador da APCCEREBRO.

Para Paulo Gonçalves, a mensagem que deve marcar esta semana resume-se num novo verbo:

“Esperançar — esperança com resiliência. Temos de acreditar que a ciência vai trazer soluções, mas também ser persistentes em exigir diagnósticos e tratamentos mais rápidos.”


Juntos na jornada

As associações apelam à união entre doentes, famílias e profissionais de saúde.

“A jornada com o diagnóstico de um tumor cerebral não precisa de ser solitária. As associações existem para apoiar, acompanhar e dar voz a quem mais precisa”, conclui Renato Daniel.

Partilhar em:

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado.Os campos obrigatórios estão marcados *

*

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.